Conscientização sobre o uso do açúcar é tema do "Canal Direto com a Prefeitura"

Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o "Canal Direto com a Prefeitura" desta terça-feira (23) contou com a participação da nutricionista e gerente de Abastecimento da Coordenadoria de Segurança Alimentar, Paula de Oliveira, e do aluno do curso de Nutrição da Uniara, Matheus da Silva, que falaram sobre o "Programa de conscientização sobre o uso do açúcar", lançado pela Prefeitura nas unidades dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Araraquara.

Matheus deu uma explicação sobre o açúcar e mencionou os alimentos onde ele aparece de forma mais comum. "O açúcar é a menor molécula do carboidrato, então quando falamos sobre o carboidrato, vinculamos junto o açúcar. Todos os alimentos que vão conter o carboidrato vão conter o açúcar também. São eles, em geral, pães, massas, cereais, até os mais prejudiciais para a saúde, que são alimentos industrializados como bolacha recheada, refrigerantes, salgadinhos, dentre outros", apontou.

Ele também falou sobre os principais benefícios e malefícios do açúcar. "O benefício é que o açúcar, a glicose, todas as fontes de carboidrato são importantes porque vão fornecer energia para o nosso corpo. Sem o carboidrato, não conseguimos exercer nossas atividades gerais do dia a dia. E os malefícios são maiores do que os benefícios quando consumidos em excesso. Eles variam desde cárie nos dentes, acne, até câncer e a diabetes, que é muito comum no nosso dia a dia. Tem o colesterol alto, que conversa muito com o consumo excessivo do açúcar, e a pressão alta, que vai vir junto com o colesterol alto, porque aumentando o colesterol, aumenta o acúmulo de gordura na parede das artérias, fazendo o aumento na pressão", esclareceu.

Paula destacou as ações que possibilitam que o uso do açúcar seja feito de forma consciente. "Na verdade, temos que tomar cuidado porque tem o açúcar de adição, que é aquele açúcar que acrescentamos no suco, no leite, nas preparações, e tem aquele açúcar que está inserido no alimento, mas que muitas vezes não percebemos a quantidade que tem. Por exemplo, vou tomar um suco de caixinha. Podemos pensar que é só um suquinho, mas a quantidade de açúcar que tem lá é grande. Um Yakult é saudável, legal, mas tem uma quantidade grande de açúcar. Então temos que primeiramente tomar cuidado com as escolhas alimentares, fazer escolhas alimentares saudáveis, com as substituições desses alimentos industrializados por alimentos in natura, alimentos mais naturais e saudáveis", salientou.

A nutricionista frisou que as pessoas devem começar a fazer uma dessensibilização de suas papilas gustativas. "A nossa língua é cheia de bolinhas e essas bolinhas nós chamamos de papilas gustativas. Elas são responsáveis pela sensação do doce, do amargo e dos outros gostos. Quando consumimos alimentos com muito açúcar, é como se as nossas papilas gustativas ficassem viciadas no açúcar. Precisamos, aos poucos, dessensibilizá-las. Por exemplo, eu tomo leite, eu coloco um achocolatado e acrescento ainda uma colher de sopa de açúcar. Tem muita gente que faz isso e é comum, não é raro. Então, aos poucos, eu tenho que dessensibilizá-la. Tem que fazer ela desacostumar com esse açúcar. Se eu coloco uma colher de sopa, eu vou passar a colocar uma colher de sobremesa. Fico uns dias e depois eu começo a colocar uma colher de chá, depois uma colherzinha de café, até que eu consiga retirar aquele açúcar de adição, porque o próprio achocolatado já tem muito açúcar. Se pararmos para pensar na proporção, para cada duas colheres de achocolatado seria como uma de chocolate e uma de açúcar. E ainda tem gente que acrescenta mais açúcar", relatou.

Isso também pode ser feito com os sucos. "A fruta já tem o próprio açúcar, que é a frutose. A frutose já tem aquele sabor adocicado, umas mais leves, outras mais intensas, o que depende muito da maturação das frutas. Quanto mais madura, mais docinha. Então vou fazer um suco, por exemplo, de abacaxi. Eu preciso acrescentar açúcar? Normalmente as pessoas acrescentam. Mas se eu começar a reduzir essa quantidade, deixar as minhas papilas gustativas desacostumarem com a concentração de açúcar, depois eu tomo o suco de abacaxi e vou perceber que ele está super docinho apenas com a frutose, que é o açúcar da fruta. Essas são algumas estratégias. Não adianta falar que vai mudar a quantidade de açúcar de hoje para amanhã. Não é assim. É um trabalho de formiguinha. É a questão da dessensibilização, da conscientização e das escolhas alimentares adequadas", pontuou Paula.

Ela também falou sobre o café e o refrigerante. "Se você faz um trabalho gradual, aos poucos você vai se adaptando a essa questão do café, que é muito comum as pessoas falarem que café sem açúcar é um terror. Quando você começa a reduzir a quantidade de açúcar, vai chegar uma hora em que você vai tomar o café sem açúcar e vai estar tranquilo. Só que não adianta querer mudar drasticamente. Um ou dois dias depois, você fica doido, porque o açúcar vicia. Temos que fazer esse trabalho aos poucos e prestar atenção naquilo que estamos consumindo, porque tudo que colocamos para dentro do nosso corpo está fornecendo vitaminas, minerais ou apenas uma caloria vazia, como é o caso de um refrigerante. O refrigerante tem caloria, mas é caloria vazia porque não tem vitaminas e minerais, diferente de um suco. Substitui por um suco de laranja. O suco é calórico, mas tem vitaminas, minerais, fibras e muitas coisas que vão nutrir nossas células. São nessas escolhas que temos que ficar atentos", acrescentou.

Paula também falou sobre os motivos de se fazer essa conscientização nos CRAS do município. "Na verdade, essa atividade começou nas escolas, porque saiu uma nota técnica que determinava que as escolas tinham que reduzir a oferta de açúcar para as crianças. Eles começaram a fazer ajustes nos cardápios, começaram a substituir o achocolatado por chocolate 70%, 100%, e começaram a fazer várias substituições. Na Páscoa, antes eles entregavam um docinho. Agora eles fizeram um doce alternativo que utiliza, por exemplo, o açúcar da banana. Eles estão fazendo esses ajustes. A nossa preocupação é a seguinte: a criança tem uma alimentação mais saudável na escola. Mas e em casa? Como está sendo a oferta desses alimentos industrializados? É muito mais fácil você chegar e dar um pacote de bolacha, um iogurte, um suquinho de caixinha, que têm muito açúcar. Então isso vai contra o trabalho da escola. Como na Coordenadoria de Segurança Alimentar temos um núcleo de educação alimentar e nutricional, nos reunimos e pensamos em elaborar uma estratégia para alcançar os pais e avós dessas crianças para complementar essas atividades que estão sendo realizadas nas escolas. Então resolvemos fazer essa atividade no Cras justamente para atingirmos os pais e avós sobre a importância da redução do consumo de açúcar. Isso ajuda os pais e avós a mudarem a alimentação e ajuda a criança nessa construção, que é muito importante.  Nós fizemos essa atividade nos dez Cras de Araraquara, onde houve uma aceitação muito boa, as pessoas participaram bastante, tiraram muitas dúvidas, porque é um tema que gera muitas dúvidas. Tivemos vários debates, várias conversas, junto com os alunos do 4º ano do curso de nutrição da Uniara. Foi um trabalho muito bonito realizado na cidade", completou Paula.

Ao vivo

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