Educação para surdos em Araraquara é tema do "Canal Direto com a Prefeitura"

Ianice Braghini, fonoaudióloga da Secretaria da Educação, foi a convidada da edição desta sexta-feira (26)

Educação para surdos em Araraquara é tema do "Canal Direto com a Prefeitura"



Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o "Canal Direto com a Prefeitura", em sua edição desta sexta-feira (26), trouxe detalhes sobre a educação para surdos em Araraquara. Para falar sobre o tema, foi convidada a fonoaudióloga da Secretaria da Educação, Ianice Braghini.

Ianice destacou que o ensino no âmbito municipal acontece de maneira parecida com o estadual, porém com algumas especificidades. "Nós seguimos as diretrizes do MEC, ou seja, existem orientações de como deve ser o trabalho com o surdo na educação. E essas orientações preveem que o surdo tenha a frequência na escola regular. Ele vai frequentar a classe regular, ele vai estar na escola comum e deve ser ofertado para ele o que chamamos de atendimento educacional especializado, o AEE, que é feito no contraturno do turno que a criança frequenta. Não é todo dia, mas existe uma professora de educação especial que vai trabalhar com essa criança para oferecer recursos e conteúdos para que ela avance em seu processo educacional", explicou.

A fonoaudióloga acrescentou que, além disso, é prevista também a oferta de um intérprete de libras. "Aqui em Araraquara, o AEE vai ofertar o intérprete de libras. Temos o AEE no ensino fundamental e temos o AEE na educação infantil. Na educação infantil, esse AEE é ofertado no que chamamos de sala de recursos multifuncional. Toda a escola do ensino fundamental tem uma sala de recursos dentro da própria escola e essa sala tem uma professora de educação especial que atende a criança e vai orientar o professor da sala de aula, vai trabalhar com a comunidade escolar e vai oferecer a questão da libras. Esse professor vai ter o ensino de libras, vai ensinar em libras e vai trabalhar também a questão da língua portuguesa, porque uma grande dificuldade para o surdo é a comunicação. Na educação infantil, como são os CERs e eles são espalhados, nós congregamos essa sala de recurso em um único espaço que chamamos de Centro de Atendimento Educacional Especializado, que fica na Avenida Barroso. Lá estão as salas de recursos da educação especial, que funcionam da mesma forma. Tem um professor de educação especial que acompanha essa criança, vai para a escola, orienta, orienta a família, orienta a comunidade escolar e trabalha os conteúdos necessários para o avanço da criança", acrescentou.

Ianice Braghini também explicou sobre como funciona o encaminhamento do aluno nesses casos. "Toda criança que é matriculada na rede municipal é encaminhada para a Secretaria da Educação. Essa criança faz a matrícula na escola, é encaminhada para uma equipe de educação especial que tem na secretaria, que somos eu, fonoaudióloga, um psicólogo, uma professora de educação especial, uma professora de sala regular e uma gerente de educação especial. Nós fazemos uma triagem, uma entrevista com a família, orientamos sobre esses aspectos, vemos as necessidades e encaminhamos para o AEE. Então essa família, quando chega, chega na secretaria. Ela é orientada, às vezes até de qual atendimento a criança precisa, o que vai ser feito. Muitas vezes, já recebemos a criança com o diagnóstico e ela já está no serviço de saúde, fazendo as adaptações de aparelho, as intervenções, às vezes até as cirurgias de implante coclear. Isso já chega e nós orientamos essa família sobre como vai ser o trâmite dentro da educação", salientou.

Ela revelou o número de crianças e adolescentes que hoje recebem essa educação especial no nosso município. "Hoje temos dez estudantes no ensino fundamental e sete estudantes na educação infantil. Cada criança tem o seu professor. Então, se eu tenho 17 alunos atendidos, tenho 17 professores de educação especial envolvidos. Hoje a rede conta com oito intérpretes, além de todos os outros profissionais que estão dentro da própria escola, que são professores da classe regular. Todo mundo está envolvido nesse processo", ressaltou.
 
Ianice também apontou o que as pessoas devem e não devem fazer durante uma socialização com uma pessoa surda. "A grande questão é a comunicação. Quando você se vê diante de uma pessoa surda, você tem esse entrave. De verdade, eu acho que a empatia é a chave sempre. Você tem que ser empático, você tem que receber o outro, se colocar na posição do outro, você precisa estar ali presente. Óbvio que eu acho que uma coisa que não podemos fazer é atribuir incapacidades a uma pessoa. Então, de antemão, você vai se dispor, estar disponível para a comunicação. Temos, na questão da surdez, diferenciais, então você tem a criança que oraliza, que fala, você tem a criança protetizada e que recebe o estímulo sonoro, você tem a criança com implante, que também tem essa questão. Então, de uma maneira geral, você vai se posicionar de frente para a criança, vai oferecer a face para ela, vai articular de forma clara e você tem que estar disponível para isso. Mas temos surdos que usam a libras e a libras é a língua da comunidade surda. É muito importante que tenhamos acesso a isso, porque ela é a forma correta de se comunicar do surdo. Através dela, esse aluno vai conseguir construir conceitos, vai avançar no seu processo de uma maneira geral, tanto educacional como até na na questão social", mencionou.

Ela pontuou ainda que houve um grande avanço no uso da linguagem de libras, tanto no cotidiano quanto na mídia, por exemplo. "Hoje, o sujeito com a libras, que faz uso dela, constrói o conhecimento, vai aprender melhor, vai avançar nesse processo. Uma criança que tem falta desse estímulo auditivo vai perder informação e a libras acaba integrando ela a esses conteúdos", concluiu.

Ao vivo

O "Canal Direto com a Prefeitura" vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 12h, ao vivo na página da Prefeitura no Instagram. A íntegra dos programas fica disponível para visualização no próprio Instagram, no Facebook e em outras plataformas digitais, incluindo o formato de podcasts.